22/04/2024 às 22h08min - Atualizada em 25/04/2024 às 00h03min

A mãe natureza agora é artista do Spotify

Parte dos lucros angariados com as reproduções das faixas serão convertidos para ONGs de conservação do meio ambiente

Nicoly dos Santos
Chesnot/Getty Images


O Spotify anunciou em sua conta do X (ex-Twitter) que a mãe natureza é a nova artista do aplicativo, ela será creditada e receberá royalties a partir das reproduções feitas nos sons produzidos por ela e estão presentes na plataforma. A empresa informou ainda que parte dos lucros serão convertidos para a conservação do nosso bem mais importante.  
 

Este projeto possui iniciativa do Museu das Nações Unidas - UN Live, que reuniu em 2019 um grupo diversificado de mais de 40 artistas, professores, estrelas do rock, ambientalistas, padres e ativistas em Bogotá, Colômbia, para explorar formas criativas de envolver as pessoas na conservação da natureza.   
 

Ouvindo os sons da natureza em combinação com os ritmos latinos, os sons fundiram-se e o grupo percebeu que o som e a música poderiam ser usados para impulsionar uma mudança ecológica. Isto levou à formação do coletivo musical ‘VozTerra’. 
 

Já no final de 2021, o VozTerra deu início a uma conversa sobre como conceder direitos de propriedade intelectual à Natureza e gerar lucro com o material produzido, surgiu então, a ideia de criar o Sounds Right uma iniciativa do Museu realizada em parceria com organizações de música, ecologia acústica, conservação e campanhas para gerenciar a Nature como artista e conscientizar os ouvintes ao mesmo tempo. 
 

Em um momento que os debates acerca da conservação do meio ambiente ganham cada vez mais forças, toda ajuda é bem-vinda. Quando se trata de Brasil, país com grande diversidade de fauna e flora, atualmente o país se encontra na 81ª posição no índice de Desempenho Ambiental, ranking das universidades Columbia e Yale que mostra como os países estão progredindo na proteção ambiental.  
 

Entre as categorias analisadas pelos cientistas das universidades, estão a preservação das florestas, reciclagem, emissão de gases que agravam o efeito estufa e a poluição dos oceanos.  O lançamento de plástico nos oceanos e a perda de cobertura florestal também preocupam. É o que explica o cientista ambiental Alexander de Sherbinin, da Universidade Columbia, que participou do estudo: 
 

"O Brasil ficou em 114 entre os 180 países em perda florestal. O Cerrado e os manguezais também estão desaparecendo rapidamente. Há o corte de árvores e os horríveis incêndios florestais que consumiram grandes áreas da Amazônia. É difícil afirmar com certeza que exista uma correlação direta com as políticas ambientais do governo, mas posso dizer que o país não está indo na direção certa".
 

As trágicas queimadas do Pantanal em 2020, por exemplo, provaram que, por mais que vivamos em países diferentes, estamos ligados por um só planeta; no mês de setembro daquele ano a fumaça do fogo chegou a ter mais de 5 mil km2 e pôde ser vista da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai afetando a visibilidade dos moradores desses países. 
 

Além de oferecer riscos à fauna e à flora não só do Brasil, mas dos países ao redor, o gigante da América Latina também oferece riscos àqueles que tentam proteger o meio ambiente. Segundo uma pesquisa realizada pela ONG Global Witness, o Brasil é o segundo país que mais oferece riscos à ambientalistas em todo o mundo, foram 34 dos 177 assassinatos que ocorreram em 2022. Observou- se ainda que 88% dos casos aconteceram em países da América do Sul, com 36% dos ambientalistas apresentando origem indígena. 
 

Alexander enfatiza que a Amazônia é brasileira, mas é um recurso global: "O Brasil tem tremendos recursos renováveis e poderia se beneficiar de investimentos nessa área. É preciso despertar o alto escalão do governo para o fato de que a Amazônia é um recurso global. Claro que pertence ao Brasil, mas é um patrimônio que deveria ser passado para as futuras gerações". 
 

Pensando de forma global, o Museu das Nações Unidas divulgou que irá priorizar a conservação e restauração de ecossistemas com os maiores níveis de biodiversidade e endemismo e juntamente com parceiros de consultoria estratégica, identificou as seguintes paisagens naturais a serem priorizadas para o financiamento: Madagáscar e as ilhas do Oceano Índico; Indo-Birmânia; Sundalândia; Filipinas; Andes Tropicais; e, a Mata Atlântica. Além disso, o Fundo está estudando  como os artistas também podem direcionar royalties para ecossistemas prioritários. À medida que o fundo evolui, paisagens adicionais receberão apoio do financiamento. 

 
O Spotify organizou uma playlist com músicas de diversos artistas que contam com recursos sonoros da natureza. Para acessar ao conteúdo é necessário ter uma conta no aplicativo que pode ser gratuita ou paga, depois você pode encontrar a playlist feat.NATURE aqui.
 
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