18/06/2024 às 08h25min - Atualizada em 22/06/2024 às 00h01min

Agamia, a nova forma de relacionamento que conquista os jovens

ALINE LOURENçO
Freepik


Uma nova de se relacionar vem ganhando adeptos entre os jovens, a agamia, orientada por um código de conduta que a diferencia do estado civil solteiro, como esclarece Leonardo Azevedo, professor de Psicologia da Estácio BH.    

“O agâmico não é um solteiro, ainda que ele não tenha as prerrogativas de um enlace amoroso, seja monogâmico ou não. O agâmico está atrelado ao outro, mas o modo como está atrelado é que difere. O solteiro não está atrelado ao outro, mas se vier a se relacionar com alguém será de uma maneira diferente do agâmico. Entre os agâmicos existe uma ideologia guiada por oito mandamentos: 1. rejeição ao amor; 2. restauração da razão como máxima autoridade decisória; 3. reintegração das relações ao âmbito da ética; 4. rejeição radical do gênero; 5. rejeição aos cânones normativos de beleza e às hierarquias de valor sociossexual; 6. rejeição à sexualidade patriarcal através do questionamento do conceito ‘objeto de desejo’; 7. substituição dos ciúmes pela ‘indignação’; 8. substituição da família pelo ‘agrupamento livre’”, afirma.

Segundo o docente, o agâmico não pretende construir uma família tradicional, se relaciona com o outro sem rotular o vínculo e não pretende ter filhos. Assim como outras formas de relacionamento, a agamia se estabeleceu quando a sociedade confrontou as fragilidades de se basear em um único modelo de relação.

“Durante muito tempo o modelo patriarcal orientou a relação amorosa considerando que ela deveria ser entre um homem e uma mulher, condicionada ao matrimônio e à formação da família. Ainda que tenha sido um modelo hegemônico por um período, que orientava a vida amorosa, não significa que tenha sido perfeito; que não tenha provocado tragédia, muita dor, como também muita alegria e satisfação. O século XXI é marcado pelo declínio de diversos ideais que orientaram a humanidade: o ideal da vida amorosa; o ideal da relação com o trabalho; o ideal de família; o ideal da figura do pai como legislador. Hoje, sem esses ideais, o que há são diversos modelos relacionais, como o poliamor e a agamia, na tentativa de dar um sentido para a relação amorosa”, analisa.  
O psicólogo pondera que as novas formas de se relacionar não devem ser entendidas como verdades absolutas e modelos de sucesso. “A vida amorosa não cabe em um sentido, não é da ordem da harmonia. O amor não é um sentimento que pode ser determinado por um código ou por um modelo relacional. Se o modelo patriarcal falhou, nada garante que o modelo agâmico não falhará. Ele também vai falhar na tentativa de dar um sentido e de harmonizar a vida amorosa. Da mesma forma que o modelo monogâmico produziu suas perturbações, todos os outros modelos também as produzem. Não é possível harmonizar a vida amorosa”, finaliza.
 

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Aline Beatriz Batista Lourenço
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